sexta-feira, 24 de abril de 2009

A má sorte (?) do Equador

Não vou escrever sobre coisas que eu não sei explicar, como os 6 a 1 bolivianos sobre os argentinos, afinal melhor seria falar da epifania que deve ter tomado conta de La Paz.
Então vamos à segunda situação que mais chamou a atenção dessa eliminatória, na visão de quem escreve.
Algum tempo atrás – e não faz muito tempo – o Equador não impunha receio a nenhum adversário nas eliminatórias para a Copa do Mundo, até que certo dia aparece Alex Aguinaga, mas todas as opiniões convergiam que era um talento desperdiçado numa seleção com pouco futuro.
Mas, aos poucos, sem alardes e entre resquícios freqüentes de futebol sofrível, o Equador passou a tirar pontos importantes dos seus rivais mais tradicionais e exportando jogadores para centros mais consolidados do jogo. Essa geração que conta com jogadores com Arango, Caicedo, Guerrón e cia. É uma mostra que a chegada à Copa do Mundo não foi um mero acaso e que essa equipe aprendera muito bem que uma vaga para o Mundial se garante em casa, com a pressão e a altitude de Quito, e alguns pontos fora de casa, num estilo de jogo baseado na defesa e no contra-ataque, aí que reside o problema da equipe.
Com um sistema defensivo sofrível, incluindo aí a proteção dos volantes à zaga, a pressão em casa pode ser bem sucedida contra times limitados, sem grandes valores individuais, mas contra equipes como Brasil, Argentina e até mesmo o Paraguai deixar a oportunidade de contra-ataque para o visitante é flertar com o desastre, deste modo a maior fonte de pontos dos equatorianos se torna um dilema repleto de variáveis. Dilema esse que pode se resumir em: Privilegiar o ataque em detrimento da defesa e continuar sofrendo gols ou um esforço coletivo pela retaguarda sacrificando o estilo de jogo?

Neste dilema podemos analisar as partidas duas últimas partidas equatorianas, ambas em casa. Nos dois embates o time local teve um volume esmagador de jogo frente aos adversários, que conseguiram seus gols em jogadas que não mostraram o panorama geral da partida, e sim lampejos de talento individual (caso brasileiro) e falha da zaga do Equador (como aconteceu com o Paraguai). Há quem afirme má sorte, mas o quê se vê é o castigo por uma defesa tão ruim e o desperdício excessivo de gols.

E o que dá para esperar desse time fora de casa?

São emblemáticos dois jogos não recentes, mas que explicam um modo de agir equatoriano fora de casa, são o último jogo contra o Brasil, no Maracanã, e a partida contra a Inglaterra pelas oitavas de final da última Copa do Mundo. O que se viu foi uma equipe acuada, indefesa, que deixa bem clara a ausência de grandes aspirações nos torneios que disputa; uma mudança de mentalidade e vibração – ou a adoção da motivação que o time tem em Quito – tem que obrigatoriamente ser acompanhada de um melhor sistema defensivo – uma melhor dupla de zaga e/ou volantes mais ciosos em relação à defesa – com um futebol veloz e aberto pelas beiradas do campo que o time mostra em seus momentos mais criativos.

Assim, a promessa equatoriana de bom futebol pode-se afirmar para além de Quito e mostrar um jogo atraente, como foi a LDU de 2008, ou se contentar em ser uma seleção que apenas fará número nos próximos Mundiais e se fortificará como um mero exportador de atletas... escolha que a Colômbia aceitou nos anos 1990.

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