sábado, 25 de abril de 2009

Anúncios para a nova temporada

Troco goleiro brasileiro em bom estado, sem contusões recentes e com passagem pela seleção, por cone.
Interessados procurar a diretoria do Tottenham Hotspurs, Londres, Inglaterra.
Favor encaminha foto do cone uniformizado.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Casa de idosos Corinthians

Depois de tirar o Rincón da sua confortável aposentadoria em Miami, trazer um caquético Vampeta para ajudar o time a caminhar firme e forte para a série B, André Sanchez quer reeditar o asilo alvi-negro com a presença internacional de Cristian Vieri, ex-matador/galã italiano.
O que poderia ser uma alegria para os olhos da torcida feminina tem tudo para maltratar a torcida que quer ver é gol, raça e bom futebol. O centro-avante que amargou banco de Doni, Plasmati e Floccari a temporada toda rompeu o contrato com a Atalanta e está todo todo na praça. No consgrado estilo me leva que eu vou e no me engana que eu gosto...
Mas, só se engana quem quer, o tempo de Vieri já passou (e foi muito bom enquanto durou diga-se de passagem), o Corinthians não precisa dele - já tem sua própria cruz: o Souza - e ele não precisa vir ao Brasil ganhar mais dinheiro e nem provar nada para ninguém, sua página no futebol ja esta esccrita.
Tem negócios no futebol que parecem ser ruins para todo mundo e esse é um deles, quer dizer sempre tem um empresário feliz, aí é que mora o perigo...

Coisas que não acontecem... até acontecerem.

Quem já jogou futebol num time, que tenha treinador, alguma vez na vida deve ter cansado de ouvir: "O atacante tem que marcar o goleiro quando a bola for recuada, por que se o goleiro errar a jogada você tá lá pra empurrar pra dentro, entendeu moleque?"
Isso nunca dá certo e o atacante fica correndo, de graça, atrás da bola todo recuo, mas agora os "professores" tem um exemplo: Dagoberto. Apesar de ser apenas mais um jogador esforçado, que esqueceu seu futebol no Atlético Paranaense, seu gol de lombar numa bola chutada pelo goleiro adversário é a resposta e a confirmação dos técnicos, ainda vale a pena reclamar... Azar dos atacantes, sorte do Dagoberto!

PS: Insuportáveis os jogos do São Paulo esse ano, marcar e sair no contra-ataque é uma técnica muito interessante, mas o tricolor cheio a tal ponto que não sabe mais fazer outra coisa, quando precisa pressionar o adversário a única tática que fica é o cruzamento na área, um time que pretende disputar títulos e se quer o melhor do Brasil não pode jogar como o Wimbledon FC - chutão, correria e chuveirinho.

A tristeza de Diego Souza



Ontem, como pessoa insistente que sou, fui assistir a mais um jogo desse time do Palmeiras. Não sou palmeirense, como quase todo mundo não gosto do Luxemburgo e acho que um time com esses jogadores - Capixaba, Marcão, Danilo, Maurício Ramos, Sandro Silva, Jumar, Lenny etc. - não tem futuro promissor em nenhuma competição. Mas, tem um jogador que eu não sei se tenho mais admiração ou solidariedade que é esse fabuloso Diego Souza.
Carregar um time e a expectativa de uma torcida grande é um fardo que poucos conseguem carregar, ainda mais sendo todo momento contestado, tanto pelos jornalistas como pelos torcedores, mesmo assim Diego Souza é o homem que carrega o mundo e esse mundo parece cada vez mais pesado.
Mais sozinho que um Robinson Crusoé sem radinho de pilha o número 7 está sempre marcado por dois ou três jogadores, sem nenhum companheiro em posição para fazer uma tabela, receber um passe, ou seja, interagir. Como se fala na rua é ele contra rapa.
E foi ele contra toda uma defesa em Recife, e foi ele massacrado e provocado sozinho contra o Santos e mais uma vez foi ele, com o Marquinhos, ontem no Palestra, contra o medroso time da LDU.
Uma vitória que foi mais de Diego do que de qualquer um, uma vitória da raiva contida e de mais que tudo isso, um cara que provou que o homem é indissociável do jogador de futebol, o que você é dentro das quatro linhas também é fora. Ou seja, a resposta à ofensa, a honra vem antes da vitória, nisso Diego foi exemplar, quisera que todo mal carater como Domingos, e também Mancini, tivessem uma punição exemplar, não violenta, mas que lavasse a alma de quem quer futebol e não trapaça.

Todo apoio ao Diego Souza, provavelmente vai amargar vários meses longe do futebol, mas desde já aguardo a sua volta, mais uma solidão à sua porta, triste vida!

Wisnik, esse monstro...

osé Miguel wisnik foi realmente o personagem principal das duas palestras organizadas pela FEF (faculdade de educação física da Unicamp) na quarta feira passada, motivo que me fez perder o jogo do ano: Chelsea 4 e Liverpool 4.
Faz Anos que o futebol carecia de uma lufada de ar acadêmico como a proposta de Veneno Remédio, acho que mais que isso... Wisnik meio que sem se dar conta escreveu um livro quee já nasce clássico, modou paradigmas, fontes bibliográficas e documentos da praxe dos pesquisadores da bola. Sem medo de fazer comparações que no início soam esdruxulas só que sutilmente vão compondo essa droga chamada Brasil, que ao mesmo tempo que é a promessa de felicidade e remédio é o veneno e o subdesenvolvimento.
Frente a tudo isso, toda essa novidade que representa Wisnik, o bom e velho, Juca Kfouri ocupou, também com maestria, o papel de incitado de um debate que poderia ter se extendido ao infinito, pena que a vida continua lá fora e cmo diria Drummond: "nem todos se libertaram".
PS: Às vezes a ausência diz muito sobre o que se está pensando, outros momentos é só limitação mesmo. Este post é um misto de ambas as situações, ainda reflito muito sobre o livro do Wisnik e sinto uma enorme admiração pelo autor.

Coisas a se escrever...

Em tópicos:
1) Esse blogueiro está aprendendo a configurar seu blog, desculpem o transtorno.
2) Logo, logo um post sobre as semifinais do Paulista (antes do próximo jogo)
3) Quando eu conseguir assistir esse incrível 4 a 4 entre Chelsea e Liverpool também quero falar algo, agora estou sem palavras e sem ter visto o jogo também. Mas, uma tia minha que viu disse que foi uma coisa linda, meeeeeeeeninos!
4) Não vi o jogo, mas vi uma palestra sobre psicanálise e outra com as sumidades Wisnik e Kfouri (esse post deve chegar mais rápido)!
5) Vcs sabiam que escrever em tópico é uma preguiça gigante de elaborar um texto?

E pra terminar, mas que hora o Rogério Ceni achou pra se contundir hein? Lesão com cara de pipocada, nessa idade pode ser a última!

A má sorte (?) do Equador

Não vou escrever sobre coisas que eu não sei explicar, como os 6 a 1 bolivianos sobre os argentinos, afinal melhor seria falar da epifania que deve ter tomado conta de La Paz.
Então vamos à segunda situação que mais chamou a atenção dessa eliminatória, na visão de quem escreve.
Algum tempo atrás – e não faz muito tempo – o Equador não impunha receio a nenhum adversário nas eliminatórias para a Copa do Mundo, até que certo dia aparece Alex Aguinaga, mas todas as opiniões convergiam que era um talento desperdiçado numa seleção com pouco futuro.
Mas, aos poucos, sem alardes e entre resquícios freqüentes de futebol sofrível, o Equador passou a tirar pontos importantes dos seus rivais mais tradicionais e exportando jogadores para centros mais consolidados do jogo. Essa geração que conta com jogadores com Arango, Caicedo, Guerrón e cia. É uma mostra que a chegada à Copa do Mundo não foi um mero acaso e que essa equipe aprendera muito bem que uma vaga para o Mundial se garante em casa, com a pressão e a altitude de Quito, e alguns pontos fora de casa, num estilo de jogo baseado na defesa e no contra-ataque, aí que reside o problema da equipe.
Com um sistema defensivo sofrível, incluindo aí a proteção dos volantes à zaga, a pressão em casa pode ser bem sucedida contra times limitados, sem grandes valores individuais, mas contra equipes como Brasil, Argentina e até mesmo o Paraguai deixar a oportunidade de contra-ataque para o visitante é flertar com o desastre, deste modo a maior fonte de pontos dos equatorianos se torna um dilema repleto de variáveis. Dilema esse que pode se resumir em: Privilegiar o ataque em detrimento da defesa e continuar sofrendo gols ou um esforço coletivo pela retaguarda sacrificando o estilo de jogo?

Neste dilema podemos analisar as partidas duas últimas partidas equatorianas, ambas em casa. Nos dois embates o time local teve um volume esmagador de jogo frente aos adversários, que conseguiram seus gols em jogadas que não mostraram o panorama geral da partida, e sim lampejos de talento individual (caso brasileiro) e falha da zaga do Equador (como aconteceu com o Paraguai). Há quem afirme má sorte, mas o quê se vê é o castigo por uma defesa tão ruim e o desperdício excessivo de gols.

E o que dá para esperar desse time fora de casa?

São emblemáticos dois jogos não recentes, mas que explicam um modo de agir equatoriano fora de casa, são o último jogo contra o Brasil, no Maracanã, e a partida contra a Inglaterra pelas oitavas de final da última Copa do Mundo. O que se viu foi uma equipe acuada, indefesa, que deixa bem clara a ausência de grandes aspirações nos torneios que disputa; uma mudança de mentalidade e vibração – ou a adoção da motivação que o time tem em Quito – tem que obrigatoriamente ser acompanhada de um melhor sistema defensivo – uma melhor dupla de zaga e/ou volantes mais ciosos em relação à defesa – com um futebol veloz e aberto pelas beiradas do campo que o time mostra em seus momentos mais criativos.

Assim, a promessa equatoriana de bom futebol pode-se afirmar para além de Quito e mostrar um jogo atraente, como foi a LDU de 2008, ou se contentar em ser uma seleção que apenas fará número nos próximos Mundiais e se fortificará como um mero exportador de atletas... escolha que a Colômbia aceitou nos anos 1990.

Que ginga é essa? Construções do futebol-arte brasileiro

Quando se fala do futebol brasileiro, tanto entre nós como no exterior, diversos estereótipos veem à tona: o mais famoso deles é a ginga comum ao jogador do Brasil, o que torna o país o detentor legítimo do futebol-arte. Muitos outros conceitos para abordar essas categorias foram adotados ao longo do desenvolvimento do esporte exemplo – o futebol-poesia de Pasolini, a bossa de Wisnik, a existência de donos da bola, para Chico Buarque –, mas, ao mostrarmos as diferenciações desses termos, rapidamente será perceptível como todos eles mantêm um núcleo comum de significados e intenções, que é o que nos interessa debater.
De forma mais impactante que qualquer escritor anterior, Mário Filho[1] tornou o gingado brasileiro um discurso comum, tanto entre quem estuda o futebol, como entre quem simplesmente o debata no seu cotidiano. Em seu livro O negro no futebol brasileiro, o autor mostra as relações dessa ginga com a miscigenação entre negros, índios e brancos; a capoeiragem e o samba – conceituação essa plenamente defendida pelo sociólogo Gilberto Freyre[2], que identifica várias proximidades entre seu trabalho e a obra do jornalista carioca.
Diante dessas características singularmente brasileiras, pode-se chegar à constatação de que ter ginga seja algo só possível aqui: um dom ou uma habilidade inerente ao nosso povo.
A habilidade e a destreza acumuladas pela prática da capoeira e pela dança do samba preparam os corpos dos jogadores de futebol, vindos em sua imensa maioria das fileiras do proletariado urbano, para remodelarem o jogo duro e ensaiado dos bretões. O esporte que emana das descrições de Mário Filho, a partir da inserção do negro no futebol, é um jogo insinuante, de dribles, sortilégios e surpresas, onde a chegada ao gol se dá, não pelos meios já instituídos, mas por inovações genuinamente nacionais, um saber brasileiro.
Chico Buarque[3], em crônica sobre o futebol, chega à constatação de que o modo de agir dos jogadores sul-americanos os faz parecerem os donos da bola, em oposição aos europeus, donos do campo. A relação desses futebolistas, principalmente brasileiros, com a bola, é de posse, passionalidade e egoísmo: com o domínio dela, eles são capazes de desenvolverem seu jogo cheio de fintas e dribles, que impressiona a todos pela destreza corporal. Enquanto os donos do campo são pródigos em jogar sem a bola, num modo que prima pela troca rápida de passes e pela ocupação de todos os espaços do campo, agindo de forma muito mais coletiva.
Essas diferenças entre os modos de jogo aparecem novamente em Pier Paolo Pasolini, que é brilhantemente pensado por José Miguel Wisnik[4]. O cineasta italiano vê o futebol enquanto poesia – uma técnica muito utilizada pelos sul-americanos, principalmente os brasileiros – e o futebol-prosa, uma escola mais européia, em que os principais países do continente têm suas peculiaridades: a prosa estetizante italiana, o pragmatismo alemão e inglês. Contudo, ao contrário de muitos outros autores, para Pasolini a prosa e a poesia se mesclam durante a partida.
O que Pasolini considerava o futebol-prosa evidenciava-se pela ênfase defensiva, troca de passes triangulados, contra-ataques fulminantes, cruzamentos e finalizações. O futebol-poesia quebra essa linearidade do jogo, torna-o imprevisível, cria os espaços vazios e brechas do campo, dá autonomia ao drible e motiva o ataque. O autor italiano não exerce juízo de valor sobre as práticas em si, mas sabiamente afirma que, como na literatura, o estilo em que se escreve não serve de pré-requisito para a sua qualidade.
Mais do que prosa, poesia ou uma mistura de ambos, o futebol é, na visão do cineasta, um esporte de múltiplos registros, estilos diferentes e até opostos. Estilo e identidade esses que o futebol brasileiro soube afirmar para o restante do mundo com um impacto avassalador na Copa de 1970, torneio esse que inspirou Pasolini nos seus escritos.
Outro autor que acrescenta um viés pertinente a essa discussão é o gaúcho João Saldanha: as crônicas do jornalista partem em muitos momentos da disputa central entre o futebol-força e o futebol-arte e muitos dos elementos que perpassam suas discussões só serão entendidos nessa contradição.
Saldanha[5] acredita na qualidade técnica e até mesmo na habilidade de qualquer nação para o futebol, sendo um bem acessível a todos por meio dos treinos. Contudo, a criatividade, o artístico e o “futebol-arte” são os elementos de desequilíbrio únicos e exclusivos do brasileiro. Assim, conforme argumenta o antropólogo Luiz Henrique de Toledo, o estilo no Brasil é visto como um dom, a exuberância e a capacidade de fazer o belo e o definidor em alguns segundos, já a técnica é mostrada como um conjunto de atividades em que o jogador deve aprender o “instrumental físico” para a prática do esporte, as regras do futebol e a preparação e preservação do corpo para o jogo.
A ginga e o futebol-arte, que são vistos como consenso de qualidade, criatividade e, principalmente, identidade brasileira entre esses diversos autores das mais diferentes áreas, não pode ser visto apenas de maneira apologética, mas sim inseridos em um projeto muito maior: moldar o que é o Brasil do século XX.
Num país cindido por regionalismos – durante a segunda metade do século XIX e o início do XX –, a necessidade de forjar um caráter nacional e seus respectivos símbolos era fator primordial para a formação de uma nação. Assim, a figura do mulato e a miscigenação, formando um povo orgulhoso de si mesmo, vem ocupar um espaço de formação de identidade. Como discurso vencedor sobre o valor desse povo, a ginga dos capoeiras, dos sambistas e dos jogadores de futebol salta como qualidade inequívoca e uma afirmação do que é ser brasileiro.
Esse processo de compreender o Brasil, afirmar identidades e promover grandes análises da realidade nacional e do legado histórico que toma corpo na década de 1930 vem tanto de escritores populares, como Mário Filho e José Lins do Rego[6], quanto de acadêmicos renomados do porte de Caio Prado Júnior[7], Sérgio Buarque de Hollanda[8] e o já citado Gilberto Freyre.
O país que posteriormente seria caracterizado de modo magistral por Nelson Rodrigues como sofredor do complexo de “vira-latas” achava em características ligadas ao lúdico um modo de afirmar-se no cenário mundial, tentar criar-se como nação e entender a si próprio.
“A malandragem como arte da sobrevivência, o jogo de cintura como estilo nacional, a capacidade de jogar com força e ‘arte’, sem, contudo, excluir o coração e a cabeça... Foi, portanto, só com o futebol que conseguimos no Brasil somar nação e sociedade.” (Roberto da Matta – Sem referência)
Bibliografia
COELHO, Eduardo (org.). Donos da bola. Editora Língua Geral. Rio de Janeiro. 2006.
FILHO, Mario. O negro no futebol brasileiro. Editora Mauad. Rio de Janeiro. 2004.
MANHÃES, Eduardo. João sem medo – futebol-arte e identidade nacional. Editora Pontes. Campinas. 2004.
TOLEDO, Luiz Henrique de. Lógicas no futebol. Editora Hucitec. São Paulo. 2002.
WISNIK, José Miguel. Veneno remédio – O futebol e o Brasil. Companhia das Letras. São Paulo. 2008.


[1] FILHO, Mario. O negro no futebol brasileiro. Editora Mauad. Rio de Janeiro. 2004.
[2] FREYRE, Gilberto. Casa Grande & Senzala. José Olympio Editora. São Paulo. 1933.
[3] COELHO, Eduardo (org.). Donos da bola. Editora Língua Geral. Rio de Janeiro. 2006.
[4] WISNIK, José Miguel. Veneno remédio – O futebol e o Brasil. Companhia das Letras. São Paulo. 2008.
[5] SALDANHA, João. Histórias do futebol. Editora Revan. Rio de Janeiro. 1994.
[6] HOLLANDA, Bernardo Borges Buarque de. “O descobrimento do futebol”: modernismo, regionalismo e paixão esportiva em José Lins do Rego. Editora da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro. 2004.
[7] JUNIOR, Caio Prado. Formação do Brasil contemporâneo. Editora Brasiliense. São Paulo. 1965.
[8] HOLLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. Companhia das Letras. São Paulo. 2005